quarta-feira, abril 08, 2009

AKHMÁTOVA 77

sábado, março 07, 2009

Salteador





Um desejo:
-quero ser um salteador, profanar templos esquecidos.
Roubar, extrair painéis de azulejos das paredes de casas senhoris abandonadas. Depois… fugir para os montes e continuar a devastação. Escolherei aqueles que envergam extensas escadarias, na esperança de ultrapassar o ultimo degrau e começar a ensacar. O meu saco é de veludo negro, alberga anjinhos e santos padroeiros, com ele às costas despeço-me das capelas através de portas ou janelas subtilmente arrombadas. Por fim, preparar-me-ei para a caminhada descendente, degrau a degrau, prolongada… aproveitarei a demora para pensar numa próxima capela que não lembre ao diabo assaltar.

A.Cova

A caminhada


















O meu avô plantou-as em jovem,
Tentou alinhá-las do modo mais perfeito
Excluindo o alto arvoredo, não encontro explicação para a esterilidade do terreno.
Enquanto caminho, tento insistentemente compreender o segredo das ervas daninhas que morrem precocemente, será do pisar dos meus pés ou da solução que o meu avô infiltrou nestas terras. Começo a acreditar mais na segunda hipótese - ele desobstruiu as fileiras, matando um possível manto de húmus propício às minhas incessantes caminhadas. Há muito que deixou de ser um passeio…

A. Cova

segunda-feira, agosto 11, 2008

Deixa-me ser o teu cão - C. Crónicas











Sobre o edredão,
um gato move-se...
Ele é auto-suficiente,
tudo o que ostentas.
De súbito, dá um salto
paras as teclas do portátil.
Dás-lhe uma palmada para o afastar,
esquecendo quanto gostas dele
...mesmo que se esteja a cagar para ti.

Au!... Ão! Au!...
Deixa-me ser o teu cão
para morder o teu miau!
Se gostas do teu falso amigo,
não queiras ver-me, pois apareço sem o açaime
e devoro o teu miau...

A.Cova

segunda-feira, junho 16, 2008

Exposição de Pintura – A. Cova



B.D. Revisitada

Bar Alinhavar – 20 de Junho a 4 de Julho

Não tenho paciência para ler banda desenhada, nunca tive. Durante a infância e à saída da mesma, acompanharam-me e rodeavam-me as colecções completas de B.D. mais convencionais e populares, facto que me levou a construir uma ideia adulterada e ignorante do universo de que tento falar. Nunca explorei a vertente da B.D. e não sinto vontade de fazê-lo, a paciência alimenta-se do meu interesse e como ele não è nenhum, talvez seja a explicação para a falta dela. De entre as heranças antecipadas que furtei, encontram-se uns fascículos encadernados de jornais semanários dos anos cinquenta dedicados maioritariamente às aventuras aos “quadradinhos” intercaladas por textos de conselhos morais ridículos da época. As estórias ficam suspensas de fascículo para fascículo. Quando era miúdo via-me obrigado a desfolhar grande parte dos jornais para conseguir encontrar o seguimento do enredo de uma ou outra aventura. Os desenhos e todo o seu aspecto gráfico ficaram-me marcados destacando as cores esbatidas, fruto dos métodos de impressão da altura e da própria velhice dos documentos.
No atelier que frequento do mestre J. Urban, num momento de captação de ideias para a realização de um novo trabalho, surgiu a recordação que me levou a voltar a analisar e a extrair do armário todas essas velhas folhas encadernadas. Utilizando técnicas de desenho a grafite sobre pintura a óleo tentei retratar de uma forma adulterada e subjectiva alguns excertos dessa B.D. bafienta.

A. Cova

quinta-feira, abril 17, 2008

domingo, janeiro 13, 2008

2º Álbum



2 temas no myspace!






segunda-feira, dezembro 10, 2007

Carta de Amor (Crónicas crónicas)

Aguardo o cair da noite para que as janelas reflictam a minha imagem, despeço-me presenciando o horror que sempre me acompanhou em pesadelos, existindo apenas uma diferença… desta vez vai doer. Olha amor, perdoa-me e tenta compreender que para mim não era fácil imaginar-te a viveres com o cabrão que tenho a meus pés. Imaginá-lo eternamente colado a ti… não! Não suportava mais as visões que tenho dele a foder-te de sorriso rasgado e a sussurrar-te ao ouvido tudo aquilo que sempre desejaste ouvir, tudo aquilo que eu não te digo.
Utilizei o seu sangue para escrever em árabe o teu nome na parede, como é revestida de azulejo é bem possível que quando chegares já não se note, no entanto fica a saber que tentei ao máximo reproduzir a tatuagem que esse palhaço fez no braço. Foi a gota de água… desde então desesperava por apanhá-lo a sós.
Já está… Não discutimos e deixo-te bem claro a rapidez do acto, degolei-o assim que lhe toquei nas costas e se virou. Queria olhá-lo de frente mas nem tempo para isso tive, vi-lhe apenas o branco dos olhos, se calhar nem se apercebeu da minha presença, o que para mim é constrangedor...já não vale a pena pensar nisso agora, aliás... não tenho tempo para pensar nisso. Já me vejo na janela…
Adeus maninha, amo-te.

Cova

segunda-feira, novembro 12, 2007

Brevemente...




2º Álbum - Sucessor de " Ninguém sabe mas tenho medo..."






sábado, julho 21, 2007

Paradise Café (Crónicas crónicas)















Caminho incessante sem mexer a cabeça,
no entanto tudo faço para evitar o choque frontal.
Tenho sorte, ninguém se atravessa à frente.
Quero que me olhem de perfil, apenas de perfil.
Ouviram?!... Apenas de perfil!!!!!
Uns metros adiante reparo em três velhos que discutem,
contorno a mesa de pedra, paro uns metros depois.
Viro o tronco ao mesmo tempo que a cabeça, tento acercar-me da discussão:
um deles tem o pé deformado devido a uma operação falhada aos joanetes,
um outro faltam-lhe dois dedos do pé direito, acidente de trabalho...
o mais impeticado não tem um pé, perdeu-o no ultramar.
Foda-se... não parei para ouvir isto, enganaram-me bem... não tive o discernimento de reparar que com aquela idade a surdez inflama o diálogo, no entanto fico satisfeito pelo facto da minha cabeça ter acompanhado a rotação do meu corpo num acto simultâneo.
Continuo. Não quero perder este jogo em que tento imitar um jogo.
Hoje tirei o dia para isto, mais um na pele do boneco do Paradise Café, videojogo do ZX Spectrum.
É isso.... estou realmente para ai virado... quantas putas me abrirão a porta esta noite, e velhinhas?... quantas irei assaltar?...

Cova

quarta-feira, maio 30, 2007

Fase Terminal - Curta Metragem




"Sete cabeças tem o monstro
que se autodestrói aos poucos...
...e eu tenho a minha cabeça num desses pescoços
a tentar fugir das outras seis."*

Gravação do tema que será representado numa curta-metragem de 18 minutos.
Encontramo-nos de momento em filmagens, não perspectivando o tempo que demoraram. Esta musica será incluída no próximo álbum de Assacínicos, que se encontra em fase de masterização.



* Excerto do tema