sábado, março 07, 2009

Salteador





Um desejo:
-quero ser um salteador, profanar templos esquecidos.
Roubar, extrair painéis de azulejos das paredes de casas senhoris abandonadas. Depois… fugir para os montes e continuar a devastação. Escolherei aqueles que envergam extensas escadarias, na esperança de ultrapassar o ultimo degrau e começar a ensacar. O meu saco é de veludo negro, alberga anjinhos e santos padroeiros, com ele às costas despeço-me das capelas através de portas ou janelas subtilmente arrombadas. Por fim, preparar-me-ei para a caminhada descendente, degrau a degrau, prolongada… aproveitarei a demora para pensar numa próxima capela que não lembre ao diabo assaltar.

A.Cova

A caminhada


















O meu avô plantou-as em jovem,
Tentou alinhá-las do modo mais perfeito
Excluindo o alto arvoredo, não encontro explicação para a esterilidade do terreno.
Enquanto caminho, tento insistentemente compreender o segredo das ervas daninhas que morrem precocemente, será do pisar dos meus pés ou da solução que o meu avô infiltrou nestas terras. Começo a acreditar mais na segunda hipótese - ele desobstruiu as fileiras, matando um possível manto de húmus propício às minhas incessantes caminhadas. Há muito que deixou de ser um passeio…

A. Cova